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Para Idec, acordos de redução de sódio não são modelo a ser seguido

<div> Dados do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de comprovam que metas s&atilde;o t&iacute;midas e n&atilde;o resolvem o problema, mas governo quer repetir a ideia e fixar acordos nos mesmo moldes para redu&ccedil;&atilde;o de a&ccedil;&uacute;car em alimentos ultraprocessados</div> <div> &nbsp;</div>

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Atualizado: 

07/07/2016
Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou novos dados sobre o monitoramento dos acordos voluntários para a redução de sódio em alimentos ultraprocessados, firmados entre o governo e a Associação Brasileira de Indústrias da Alimentação (Abia) a partir de 2011.
 
Na divulgação, o Ministério destaca a diminuição de 14,8 toneladas de sódio nos produtos envolvidos no acordo. Contudo, olhando os dados mais de perto, verifica-se que eles reiteram que as metas estabelecidas são muito tímidas e não resolvem o problema do consumo excessivo do nutriente pela população, como o Idec vem apontando há anos.
 
Por exemplo, a meta para cereais matinais, categoria envolvida na última etapa de monitoramento, era de chegar a 579 mg de sódio por 100 g. No entanto, em 2012, o Idec constatou que o teor do nutriente nesses produtos já estava abaixo desse patamar, com 428 mg, em média,. “O problema se repete em várias categorias de alimentos, como constatamos em diversos levantamentos”, ressalta Ana Paula Bortoletto, nutricionista e pesquisadora do Instituto.
 
O Idec realizou seis pesquisas sobre o tema, comparando a quantidade de sódio nos produtos e as metas fixadas nos acordos. Além disso, fez um estudo de campo sobre o processo de elaboração pela perspectiva de diversos atores envolvidos: governo, setor produtivo e sociedade civil. Os resultados estão reunidos na página especial O Sódio que Você Não Vê.
 
Mais falhas 
 
Mesmo pífias, algumas categorias de produtos não cumprem as metas. Segundo os dados do Ministério da Saúde, o teor de sódio em caldos líquidos e em gel (desses usados para temperar comida) aumentou 8% entre 2012 e 2015, em vez de diminuir. Desse modo, tais produtos não atingiram os 928 mg/ 100 do nutriente estipulados no acordo. 
 
Outra falha identificada pelo Idec é que o número de produtos monitorados pelo Ministério da Saúde em duas categorias divulgadas foi bem pequeno, com menos de 10 produtos pesquisados por ano. As análises em laboratório realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram ainda mais restritas, de apenas 67 produtos no total.
 
Açúcar: outro modelo é preciso
 
Por todos esses problemas, o Idec vê com preocupação a manifestação do Ministro da Saúde sobre o interesse do governo em dar continuidade nos acordos para redução de sódio e iniciar uma discussão sobre redução de açúcar nesses mesmos moldes. 
 
“Se a discussão ficar restrita apenas ao Ministério da Saúde e Abia dificilmente os resultados obtidos contribuirão de fato para a prevenção e controle das doenças crônicas no país”, avalia Ana Paula. “No estudo sobre o processo de construção dos acordos de sódio, verificamos que houve falta de transparência e de controle social, o que resultou em metas muito tímidas que, até o momento, não se mostram efetivas para a prevenção da hipertensão”, completa. 
 
A nutricionista ressalta que a reformulação de produtos ultraprocessados para a redução de nutrientes como sódio e açúcar é necessária. Porém, o modelo de acordos com a indústria se mostrou ineficaz. “Esse tipo de regulação voluntária apresenta uma série de limitações, que vão desde a falta de punição para as empresas que não estão cumprindo, até o risco de retrocessos, como o exemplo do caldo em gel verificado no monitoramento”, diz ela.
 
Além disso, a diminuição do de nutrientes críticos para a saúde nos alimentos prontos, ainda que fosse efetiva, é uma espécie de "redução de danos", pois os produtos reformulados continuam sendo ultraprocessados e, portanto, não são recomendados como pare de uma alimentação adequada e saudável, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, documento do próprio Ministério da Saúde. “O ideal é evitar ao máximo o consumo desses produtos”, reforça Ana Paula. 
 

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