Bloco Associe-se

Associe-se ao Idec

Pesquisa realizada pelo Idec revela falta de transparência dos bancos brasileiros

Separador

Atualizado: 

23/06/2015

Fase do projeto internacional realizado no Brasil pelo Idec desde 2010 teve como objetivo investigar políticas das instituições financeiras também na prevenção da corrupção, no pagamento de impostos e na prestação de contas; iniciativa avaliou 47 bancos em sete países: HSBC foi mal avaliado no Brasil e na Indonésia

Em 16 de junho, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) lança um estudo sobre Transparência e Responsabilização do Setor Financeiro que avaliou 47 bancos em sete países sob dois grandes aspectos: Transparência e Prestação de Contas e Impostos e Corrupção. No Brasil, os bancos pesquisados foram Itaú, Santander, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e HSBC. Instituições financeiras da Bélgica, França, Indonésia, Japão, Holanda e Suécia também foram avaliadas e compõem o relatório de mais de 120 páginas.

A pesquisa brasileira foi realizada pelo Idec e classificou os bancos em três categorias: líderes, seguidores e retardatários. Nos outros seis países, o estudo foi feito por organizações que compõem a rede Fair Finance Guide International. A análise brasileira concluiu que, embora nenhuma das instituições pesquisadas tenha avançado em suas políticas de Transparência e Prestação de Contas ao ponto de serem consideradas líderes neste quesito, há uma tendência de melhoria, visto que Itaú, Santander, Banco do Brasil e Bradesco obtiveram pontuação que os coloca na categoria de seguidores, enquanto que apenas duas, Caixa Econômica Federal e HSBC, permaneceram como retardatárias.

Por outro lado, no quesito Impostos e Corrupção, o achado foi o inverso: com exceção do Santander, que atingiu o patamar dos seguidores, todos os demais pontuaram dentro da escala dos retardatários.

Dos bancos atuantes no Brasil, apenas o Itaú está no pelotão dos dez primeiros, no tema Transparência e Prestação de Contas. Após o Itaú, o Santander é o banco com atuação no Brasil que aparece na lista, mas em 11º no assunto impostos e corrupção.

O HSBC, banco que recentemente se viu envolvido em denúncias relativas a contas secretas de milhares de correntistas na Suíça, inclusive mais de 8 mil pertencentes a brasileiros, ficou na pior colocação entre os bancos do país nos dois grandes temas, o que reforça, em certa parte, essas recentes denúncias. O banco britânico também foi mal avaliado na Indonésia, demonstrando que a falta de boas políticas em transparência é um desafio global para o banco.

“A tendência dos bancos que seguem diretrizes internacionais, principalmente europeias, é de terem um melhor desempenho na pesquisa. O processo de internacionalização também pode contribuir para melhores políticas, desde que o ambiente regulatório destes países seja mais rígido e imponha uma pressão mais forte”, explica o consultor do projeto pelo Idec, Lucas Salgado.

Comparando os resultados detalhados dos bancos brasileiros com os do outros países que participaram da pesquisa, nota-se um desempenho semelhante em todos os países, sem que haja prevalência positiva ou negativa. Mas esta não é uma boa notícia, já que quase 60% das instituições pesquisadas marcaram menos de 4 pontos em 10 possíveis no quesito transparência, por exemplo. Os destaques positivos ficaram nas mãos de apenas três bancos, que obtiveram mais de 6 pontos: o holandês ASN Bank (8,1), a filial indonésia do Citibank (6,8) e o Van Lanschot, que opera na Holanda e na Bélgica (6,1).

No ambiente brasileiro, o debate gira em torno de temas como uma maior transparência de bancos públicos e de ações de autorregulação dos bancos por meio da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).

“O objetivo deste relatório, e do projeto todo, é disponibilizar ao usuário informações que possam contribuir para uma escolha mais consciente entre este ou aquele banco e, ainda, permitir que ele exija das instituições financeiras uma postura cada vez mais responsável, o que refletirá na sociedade. Pelo lado dos bancos, a ideia é que os relatórios sejam uma ferramenta que contribua para o processo de implantação de melhores políticas”, afirma Lucas.

Durante o processo de pesquisa, o Idec enviou correspondência a todos os bancos avaliados, informando também a metodologia utilizada e compartilhando os resultados obtidos ao final. No Brasil, o envolvimento dos bancos ainda é muito pequeno, diferentemente do que acontece na Holanda, onde eles participam ativamente de reuniões e estão abertos ao diálogo.

Veja na tabela abaixo o desempenho dos bancos pesquisados e acesse o site do Guia de Bancos Responsáveis para mais detalhes.

Resultado da avaliação das políticas dos bancos por país e tema

Posição

País

Transparência e Prestação de Contas

 

País

Impostos e Corrupção

1

Holanda

ASN Bank (8.1)

 

Holanda

ASN Bank (9.3)

2

Holanda

Van Lanschot (6.1)

 

Holanda

SNS Reaal (6.9)

3

Indonesia

Citibank (6.8)

 

Bélgica

VDK (6.8)

4

Bélgica

Van Lanschot (6.1)

 

Holanda

NIBC (6.2)

5

Brasil

Itaú (5.9)

 

Holanda

Van Lanschot (5.9)

6

Bélgica

Triodos Bank (5.8)

 

Bélgica

Van Lanschot (5.9)

7

Holanda

Triodos Bank (5.8)

 

Bélgica

Argenta (5.8)

8

Holanda

SNS Reaal (5.7)

 

Suécia

SkandiaBanken (5.5)

9

Holanda

ABN Amro (5.5)

 

Holanda

ABN Amro (5.4)

10

Bélgica

Deutsche Bank (5.4)

 

Holanda

Aegon (4.6)

11

Holanda

NIBC (5.2)

 

Brasil

Santander (4.5)

12

Brasil

Santander (5.0)

 

Suécia

Länsförsäkringar (4.4)

13

Japão

Mizuho (4.8)

 

França

SocietéGenerale (3.8)

14

Suécia

Swedbank (4.7)

 

Suécia

Danske Bank (3.8)

15

Bélgica

BNP Paribas (4.7)

 

Suécia

SEB (3.8)

16

França

BNP Paribas (4.7)

 

Brasil

Caixa (3.7)

17

Holanda

Rabobank (4.6)

 

Indonesia

Citibank (3.5)

18

Brasil

Banco do Brasil (4.5)

 

Suécia

Handelsbanken (3.5)

19

Suécia

SEB (4.4)

 

Suécia

Nordea (3.5)

20

Brasil

Bradesco (4.2)

 

Bélgica

Triodos Bank (3.1)

21

Bélgica

Argenta (4.1)

 

Holanda

Triodos Bank (3.1)

22

Indonesia

MUFG (4.1)

 

Brasil

Banco do Brasil (2.9)

23

Japão

MUFG (4.1)

 

Brasil

Itaú (2.9)

24

Bélgica

ING (3.9)

 

Holanda

Rabobank (2.9)

25

Japão

SMFG (3.9)

 

Bélgica

BNP Paribas (2.7)

26

Holanda

ING (3.9)

 

França

BNP Paribas (2.7)

27

Japão

SMTH (3.7)

 

Brasil

Bradesco (2.6)

28

Brasil

Caixa (3.6)

 

Suécia

Swedbank (2.4)

29

Holanda

Aegon (3.6)

 

Bélgica

Belfius (2.3)

30

Bélgica

VDK (3.4)

 

Bélgica

ING (2.3)

31

França

CreditAgricole (3.3)

 

Holanda

ING (2.3)

32

França

SocietéGenerale (3.3)

 

Holanda

Delta Lloyd (2.3)

33

Suécia

Nordea (2.9)

 

França

CreditAgricole (2.0)

34

França

BPCE (2.8)

 

Bélgica

KBC (1.9)

35

Indonesia

BNI (2.8)

 

Brasil

HSBC (1.5)

36

Indonesia

Danamon (2.8)

 

França

BPCE (1.5)

37

Indonesia

HSBC (2.7)

 

Indonesia

CIMB-Niaga (1.5)

38

Brasil

HSBC (2.7)

 

Indonesia

Danamon (1.5)

39

Suécia

Handelsbanken (2.5)

 

Indonesia

HSBC (1.5)

40

Suécia

Danske Bank (2.4)

 

Indonesia

Mandiri (1.5)

41

Holanda

Delta Lloyd (2.4)

 

Indonesia

CBC-NISP (1.5)

42

Bélgica

KBC (2.3)

 

Japão

SMTH (1.3)

43

França

CreditMutuel (2.3)

 

Bélgica

Deutsche Bank (1.2)

44

Indonesia

BRI (2.2)

 

Indonesia

BNI (1.2)

45

Indonesia

CIMB-Niaga (2.2)

 

França

CreditMutuel (1.0)

46

Suécia

SkandiaBanken (2.1)

 

Indonesia

MUFG (0.8)

47

Japão

Resona (2.1)

 

Indonesia

BCA (0.8)

48

Suécia

Länsförsäkringar (2.0)

 

Indonesia

BRI (0.8)

49

Indonesia

Mandiri (1.9)

 

Indonesia

Panin (0.8)

50

Indonesia

OCBC-NISP (1.9)

 

Japão

MUFG (0.8)

51

Bélgica

Belfius (1.3)

 

Japão

Mizuho (0.8)

52

Indonesia

BCA (0.3)

 

Japão

SMFG (0.8)

53

Indonesia

Panin (0.3)

 

Japão

Resona (0.8)