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Para Idec e Consumers International, G-20 tem de atacar verdadeiras causas da crise

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Atualizado: 

13/10/2017
Lisa Gunn
Os líderes do G-20 se reúnem nesta quinta e sexta-feira (3/11), dessa vez em Cannes (França), para debater maneiras de enfrentar a crise que se espalha pela Europa. A ameaça paira agora não apenas sobre os EUA, mas também sobre toda a Europa
 
O foco desta reunião deve ser o caso da Grécia, cujo governo ameaçou submeter à população os termos do plano de resgate europeu. A ameaça colocou os governantes e o mercado financeiro em polvorosa, temendo os efeitos da crise sobre países como Espanha e Itália. Países de economia mais frágil, como Portugal, já sofrem sérias consequências no nível de emprego, renda e redução de proteção social.
 
Outra vez mais as discussões girarão sobre medidas para combater a crise, mas pouca atenção foi dada, desde 2008, às reais causas do problema.
 
Os melhores economistas insistem em lembrar que a crise atual, embora seja tratada na maior parte das vezes como um mero problema fiscal dos países – eles gastariam mais do que podem arrecadar –, tem suas origens na falta de regulamentação do sistema financeiro. Isto é, não foi excesso de regras, mas sua escassez, a principal causa de uma crise que começou atingindo diretamente os consumidores de crédito dos EUA e se espalhou para o mundo.
 
O consumidor pagou diretamente pela desregulamentação – que permitiu que o sistema financeiro trabalhasse sem nenhum freio ou garantia à população –, tornando-se, em plena crise, um real ou potencial superendividado e, mais tarde, um eventual desempregado e desamparado pelos sistemas de proteção social construídos ao longo do século 20.
 
Agora, consumidores de todo o mundo pagarão ainda mais.
 
O dinheiro que os governantes querem economizar com suas populações será injetado – uma vez mais – nas instituições financeiras que detêm grande parte da dívida desses mesmos governos. Um sistema de interdependência entre governos e bancos, baseado na irresponsabilidade de ambos, apela mais uma vez para a responsabilidade dos consumidores e dos cidadãos para sair do buraco. Enormes dívidas privadas de bancos e o socorro a eles dado pelos governos de vários países acaba, novamente, por bater à porta dos consumidores.
 
O Idec e muitas outras entidades de defesa de consumidores do mundo todo, reunidas sob a Consumers International (CI), reafirmam novamente ser mais necessário do nunca que os governos adotem medidas concretas de proteção ao consumidor de serviços financeiros, que incluem, entre outras coisas, a informação clara e precisa sobre os serviços e produtos financeiros, a proteção aos depósitos, a definição de normas rigorosas para a criação e uso de produtos financeiros, além da criação de uma entidade internacional independente que trabalhe junto às autoridades nacionais pela efetiva proteção aos consumidores de serviços financeiros.
 
Uma campanha da CI por serviços financeiros mais justos e inúmeros manifestos dirigidos aos líderes do G-20, seus ministros de finanças e à Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) têm reafirmado a exigência dos consumidores por regras de proteção e de disciplina.
 
Se essas medidas não forem tomadas para eliminar as causas da crise, seus efeitos terão um potencial ainda maior de causar mais prejuízos aos consumidores de todo o mundo, inclusive daqueles residentes em países que estão fora do eixo principal do atual desarranjo econômico.

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