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Genéricos estão mais baratos após cobrança do Idec

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Atualizado: 

03/07/2014
 
 
O Instituto ainda critica o teto estabelecido pela Cmed, que é muito distante do preço praticado pelo mercado, o que possibilita reajustes durante o ano de mais de 100%, mesmo após o anúncio do índice anual
 
 
 
Um ano após a pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que apontou os medicamentos genéricos mais caros do que os de referência, atualização deste levantamento mostra que todos eles tiveram redução de até 53% nos preços.
 
Em 2013, o Idec questionou o fato à Câmara de Regulação de Medicamentos - Cmed, órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em quatro situações, o Idec havia identificado preços de genéricos acima do valor do medicamento de referência: um no ponto de venda e três na tabela da própria Cmed.
 
Este ano, a comparação com a amostra de 2013 ocorreu em 9 medicamentos e todos apresentaram redução no preço entre -6% e -53%. A queda máxima foi de 53%, do antibiótico de princípio ativo Amoxicilina 500mg, com 30 comprimidos, produzido pelo laboratório EMS (2013 - R$ 35,42 / 2014 - R$ 16,54).
 
 
Já com relação aos medicamentos de referência não houve muita variação, a maioria dos produtos sofreu reajuste de até 6%. Dos 19 produtos, quatro tiveram aumento acima da inflação do período, medida em 5,67%, entre março de 2013 e fevereiro de 2014.
 

Sobre os medicamentos similares, só foi possível comparar o preço de um produto: o anti-hipertensivo Angipress (50 mg, caixa com 28 comprimidos), que teve alta de 13%. Como a oferta de similares varia muito de uma farmácia para outra, o Idec não encontrou os demais remédios analisados no ano passado em mais de um estabelecimento.

 
 
Idec ainda critica teto da Cmed
O Idec observa, há cinco anos, que a margem entre os preços praticados no mercado e o teto estabelecido pela Cmed é muito ampla, o que possibilita reajustes elevados de preço a qualquer momento do ano, sem qualquer barreira, já que estão dentro do índice de reajuste anual permitido. Na maioria dos genéricos essa diferença é maior do que 100%; os produtos de referência, entre 4% e 31%; e os similares, entre 29% e 138%.

O medicamento de referência com a maior diferença de valor é o antiulceroso Peprazol (20 mg, caixa com 28 comprimidos), cujo preço médio é R$ 52,21 e o preço-teto, R$ 68,64, uma diferença de 31%. Entre os genéricos, o antiasmático Montelucaste de Sódio (10 mg, caixa com 10 comprimidos), do laboratório Biosintética, tem diferença de 152% entre o preço médio de venda (R$ 14,33) e o teto da Cmed (R$ 36,15).

Para Ione Amorim, economista do Idec e responsável pelo levantamento, a grande variação entre o preço médio de venda e o máximo fixado pela Cmed entre os genéricos e alguns similares reflete, em parte, a concorrência entre os laboratórios que fabricam o mesmo medicamento, assim como a estratégia de distribuição desses produtos no mercado. Mas reforça que essa amplitude é perigosa. "A manutenção de margens muito grandes apresenta risco considerável de manipulação do preço por parte das distribuidoras e redes de venda", declara.
Diferenças de preços nas farmácias

O levantamento do Idec também constatou que os medicamentos genéricos custam, em média, 39% do preço do produto de referência (ou seja, menos da metade).
Além da variação entre as categorias de medicamento, o preço também muda muito de uma farmácia para outra. A diferença chega a 285%, caso de um medicamento de referência. Por isso, o Idec recomenda ao consumidor pesquisar.
 
Maiores diferenças
 
Referência: 285% 
Ansiolítico Frontal (0,5 mg, caixa com 20 comprimidos) - de R$ 9,46 a R$ 36,42
Genérico: 242%
Antiulceroso Cloridrato de Ciprofloxacino (500 mg, caixa com 14 comprimidos, da EMS) - de R$ 8,54 a R$ 29,23.
Similares: 109%
Anti-hipertensivo Angipress de R$ 8,72 a R$ 18,25
 
 
Como foi feita a pesquisa
Entre 18 e 26 de março, o preço de 41 medicamentos (19 de referência, 16 genéricos e seis similares) foi cotado por telefone em 36 redes de farmácias espalhadas por todas as regiões da cidade de São Paulo e no site das seis maiores redes da capital paulista: Drogaria São Paulo, Drogasil, DrogaRaia, Drogaria Onofre, Drogaria Nova Esperança e Ultrafarma.
 
 
 

Idec é uma associação de consumidores que não possui fins lucrativos. Promove, desde 1987, a educação, a conscientização e a defesa dos direitos do consumidor, por relações de consumo mais justas. Sem vínculos com governos, partidos políticos ou empresas, mantém sua independência pela contribuição de pessoas físicas. Membro da Consumers International e integrante do Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor e da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais.